Lukas Kleine-Rueschkamp e Cem Özgüzel
OECD Policy Responses to Coronavirus (COVID-19)
Um artigo dos economistas da OCDE Lukas Kleine-Rueschkamp e Cem Özgüzel avalia as contribuições dos migrantes para a ocupação de postos de trabalho essenciais em 31 países europeus, destacando o seu papel na resposta aos desafios provocados pela pandemia COVID-19. Durante os confinamentos determinados pela pandemia, várias atividades essenciais foram garantidas por trabalhadores que se mantiveram na linha da frente, assegurando um leque diversificado de tarefas – desde ocupações altamente qualificadas (por ex., médicos ou investigadores) a atividades pouco qualificadas (por ex., funcionários de supermercado ou dos serviços de distribuição). Num contexto de escassez de recursos humanos, tem-se evidenciado o papel dos migrantes na garantia da continuidade das atividades essenciais.
Este artigo descreve a forma como os trabalhadores migrantes contribuíram para manter os serviços básicos em funcionamento durante o confinamento na europa, quantificando a presença destes trabalhadores nos mercados de trabalho, a sua importância nas atividades de diferentes níveis de qualificação, e as diferenças entre os migrantes com origem na UE e fora da UE. Entre os principais resultados destacam-se os seguintes:
- No conjunto dos países europeus, os imigrantes constituem cerca de 14% de todos os trabalhadores essenciais, sendo 5% originários da UE e 9% de países terceiros.
- Na maior parte dos países, as regiões da capital têm a maior proporção de trabalhadores essenciais migrantes, que representam em média 20% de todos os trabalhadores essenciais nestas zonas, chegando a ultrapassar os 50% na região de Bruxelas.
- Nas zonas urbanas, os migrantes, e em particular os oriundos de países terceiros, têm maior probabilidade de trabalhar em atividades essenciais de baixa qualificação, quando comparados com os trabalhadores nativos. No entanto, quando comparados com os migrantes localizados noutras regiões, os migrantes em zonas urbanas têm uma maior probabilidade de desempenhar atividades essenciais altamente qualificadas.
- Setores essenciais como a distribuição, o processamento alimentar ou a saúde apoiam-se fortemente em trabalhadores migrantes, especialmente nas zonas mais urbanas.
- A contribuição dos migrantes para atividades críticas dos sistemas de saúde é particularmente relevante. Cerca de 23% dos médicos e 14% dos enfermeiros são migrantes. Enquanto os médicos e enfermeiros migrantes oriundos de países europeus se distribuem geograficamente de forma uniforme, os que têm origem em países terceiros apresentam uma maior probabilidade de trabalhar em cidades.
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