Cláudia Pereira, Alexandra Pereira, Aashima Budal, Sanjeev Dahal, Joana Daniel-Wrabetz, Jacquelyn Meshelemiah, João Carvalho, Manuel João Ramos, Renato Miguel Carmo e Rui Pena Pires
Journal of Rural Studies, dezembro de 2021
Este artigo analisa as redes, as experiências e as aspirações dos trabalhadores nepaleses nas quintas e estufas da região sul de Portugal. O objetivo principal do estudo foi analisar de que forma as redes de recrutamento, que fomentam a migração de trabalhadores nepaleses para Portugal, se estabeleceram e rapidamente consolidaram. Estas redes influenciaram não apenas o aumento dos fluxos de migrações irregular, mas também a experiência migratória e a vulnerabilidade no país de destino, incluindo a aceitação passiva de um certo nível de exploração. Centrando-se na perspetiva dos próprios migrantes, os autores examinam o impacto nas suas vidas quer da experiência migratória, quer do pagamento a smugglers de quantias elevadas, normalmente obtidas através de endividamento, para entrarem em Portugal. Este impacto é relacionado com o contexto de imigração, onde a existência de um mercado laboral largamente informal facilita a contratação destes trabalhadores como migrantes irregulares. O estudo utilizou dados secundários, entrevistas em profundidade e a observação dos participantes, tendo sido entrevistados, para além de migrantes, também proprietários de estufas e recrutadores. O resultado principal indica que a disposição dos nepaleses para migrarem, na qual a pressão familiar desempenha um papel fulcral, tende a ser reforçada pela ação das redes de agentes de recrutamento. Adicionalmente, os custos da migração e a exploração laboral tendem a ser aceites pelos migrantes como uma forma de conseguirem satisfazer as suas aspirações sociais e necessidades económicas.
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