A compreensão das políticas de acesso dos imigrantes aos sistemas de proteção social torna-se cada vez mais crucial, tendo em conta o aumento da mobilidade transfronteiriça e o ambiente político relacionado com as questões migratórias. Contudo, a análise sistemática desta questão tem sido dificultada pela ausência de um índice internacional de exclusão dos imigrantes dos apoios sociais ao longo do tempo.
Este livro procura preencher esta lacuna, apresentando um novo instrumento de medida designado por Índice de Exclusão dos Imigrantes dos Apoios Sociais (Immigrant Exclusion from Social Programs Index - IESPI), que inclui vinte e cinco indicadores relativos ao acesso dos imigrantes a sete apoios sociais distintos, para 22 países, em quatro momento no tempo. Com a disponibilização de um índice internacional que facilita e encoraja a realização de comparações sistemáticas entre países, este livro apresenta dados e análises que permitirão aos investigadores examinar questões como o grau em que os diferentes países incluem ou excluem os imigrantes no desenvolvimento de políticas públicas, os motivos pelos quais alguns países são mais inclusivos do que outros, e quais poderão ser as consequências futuras da exclusão. O livro inclui uma avaliação das principais tendências, uma análise das causas e consequências das variações, e quatro estudos de caso detalhados: Noruega, Áustria, Portugal e Estados Unidos.
O estudo de caso do sistema de proteção social português é apresentado no capítulo 10 deste livro (“Why Choose the Inclusionary Path? Social Policy in a Recent Welfare and Immigration Country: The Case of Portugal”), da autoria de Catarina Reis Oliveira, Diretora do Observatório das Migrações, e de João Peixoto. Portugal tem sido destacado em diversos estudos e relatórios comparativos ao longo da última década como um dos países com melhores políticas de integração e com um sistema mais inclusivo para os imigrantes. Não é assim surpreendente que Portugal surja no IESPI como o segundo país mais inclusivo. Portugal é também o país que apresenta a transformação mais impressionante neste índice, passando de ocupar a segunda posição entre os países mais exclusivos em 1990 (a seguir a Malta), para a segunda posição mais inclusiva em 2015 (a seguir à Noruega). Este capítulo analisa os determinantes da crescente homogeneização nas políticas sociais entre imigrantes e nativos em Portugal nas últimas décadas. O capítulo inicia-se com uma caracterização do sistema de proteção social português, tendo em consideração a evolução das políticas sociais desde a década de 1970, apresentando depois a história de imigração portuguesa, as características da população imigrante e a evolução das políticas de integração. São também identificados os principais indicadores de inclusão social dos imigrantes, sendo elencadas as conquistas e os desafios nesta área. Para explicar os fatores que influenciaram as políticas de integração portuguesas e a extensão de direitos sociais aos estrangeiros residentes, é ainda analisado o ambiente político favorável, caracterizado por atitudes relativamente pró-imigração, tanto dos políticos como da opinião pública portuguesa.
Ao capítulo Why Choose the Inclusionary Path? Social Policy in a Recent Welfare and Immigration Country: The Case of Portugal, de Catarina Reis Oliveira e João Peixoto, foi atribuída uma menção honrosa no Prémio António Dornelas 2022, promovido pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
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