O Instituto Nacional de Estatística divulgou os resultados do Inquérito às Condições, Origens e Trajetórias (ICOT), cuja recolha de dados decorreu no primeiro semestre de 2023. Os resultados deste inquérito permitem caracterizar a diversidade da população residente em Portugal, com enfoque na sua pertença/identificação étnica, trajetórias geracionais e condições de vida objetivas, nas suas múltiplas expressões, como sejam o acesso ao emprego, educação, saúde, habitação, línguas faladas e aprendidas, bem como a experiência de discriminação em diversos domínios. Esta é a primeira operação estatística oficial que recolheu dados sobre a autoidentificação étnica, com base numa questão na qual os respondentes poderiam assinalar o grupo ou grupos a que consideravam pertencer, a partir das seguintes possibilidades de resposta: asiático, branco, cigano, negro, origem ou pertença mista.
De acordo com os resultados do ICOT, as pessoas com idade dos 18 aos 74 anos autoidentificaram-se, ao nível da origem ou pertença étnica, do seguinte modo: 6,4 milhões com o grupo étnico branco; 169,2 mil com o grupo negro; 56,6 mil com o grupo asiático; 47,5 mil com o grupo étnico cigano; e 262,3 mil com o grupo de origem ou pertença mista. A população que se identifica como asiática, origem ou pertença mista, negra e cigana apresenta uma estrutura etária mais jovem do que a que se identifica como branca.
Em Portugal, 1,4 milhões de pessoas têm background imigratório, sendo 947,5 mil imigrantes de primeira geração, estando mais representados nas regiões do Algarve (31,0% e 24,2%, respetivamente) e Área Metropolitana de Lisboa (29,2% e 18,8%, respetivamente). A população que se identifica com os grupos étnicos negro, asiático e origem ou pertença mista apresenta as maiores proporções de background imigratório (90,3%, 83,7% e 69,2%, respetivamente). A maioria dos imigrantes de primeira geração (65,2%) reside em Portugal há mais de dez anos. As razões familiares e profissionais são determinantes na vinda para Portugal.
Mais de três quartos da população (76,3%) afirma ter um sentimento de ligação por Portugal forte ou muito forte e apenas pouco mais de metade (53,5%) tem o mesmo sentimento relativamente à Europa. A população com background imigratório e os imigrantes de primeira geração apresentam maior ligação a Portugal do que ao país de origem da família ou ao país onde nasceram.
Mais de 4,7 milhões de pessoas dos 18 aos 74 anos estavam empregadas (62,4%), com destaque para os grupos étnicos origem ou pertença mista (67,9%), negros (64,3%) e brancos (62,9%). Mais de dois milhões de pessoas tiveram necessidade de trabalhar enquanto estudavam e 1,7 milhões foram forçadas a abandonar os estudos mais cedo do que gostariam.
Para além do português, 486,4 mil pessoas falavam outra língua em casa até aos 15 anos. Atualmente, 661,7 mil falam português em casa e outra língua. Línguas de outros países europeus e as línguas ou dialetos dos PALOP estão entre as mais faladas.
Mais de 1,2 milhões de pessoas (16,1%) já sofreram discriminação em Portugal, mais sentida por pessoas que se identificam como ciganas (51,3%), negras (44,2%), ou com pertença mista (40,4%), assim como pelas mulheres (17,5%), as pessoas mais jovens (18,9%), escolarizadas (18,3%) e desempregadas (24,9%).
Mais de 4,9 milhões de pessoas (65,1%) consideram existir discriminação em Portugal e 2,7 milhões (35,9%) já testemunharam esse tipo de situações. Grupo étnico, cor da pele, orientação sexual e território de origem constituem os fatores mais relevantes na discriminação percebida e testemunhada.
Consulte aqui o destaque completo do INE sobre os resultados deste inquérito.